terça-feira, 13 de setembro de 2011

ONDE ESTÃO OS TEUS VALORES?


Às vezes, a sociedade fundamentada no consumismo, associa a ideia de valor somente ao financeiro. Tudo se pauta pelo lucro e pelo desejo desordenado de beneficiar-se em tudo. Não! De fato, não é desse tipo de valor que almejo lhes falar. Meu objetivo aqui é refletir, junto com vocês, sobre um conceito valorativo que não está no externo. Pelo contrário, encontra-se dentro de nós! Falo daquela realidade esquecida e, em muitos momentos, exilada de nossas vidas.

Lá onde somos inteiramente nós; é lá que estão os nossos valores. Se quisermos encontrá-los, devemos assumir a viagem mais difícil a se fazer: ‘adentrar em nossos sofrimentos, para visitar as profundezas de nossa alma’. Lutemos contra ou não, ali estarão eles, atrelados às nossas atitudes mais profundas. Parafraseando Santo Agostinho, ainda é possível pensar que “os nossos valores são mais íntimos do que a nossa própria intimidade”.
No encontro com os valores a única linguagem a ser utilizada é aquela conferida pela paciência. Somente alguém humanizado pelo Amor é capaz de assumir os seus valores sem o medo histérico de não ser aceito pelas pessoas. É preciso muito coragem para tocar o solo sagrado de sua própria história. Quem é seguro em suas convicções não necessita da ‘aprovação da maioria’.
Na verdade, passam-se anos, assumimos novos projetos, construímos outros sonhos, horizontes são descobertos; mas os nossos ‘valores fundamentais’ sempre serão os mesmos. A embalagem pode até mudar, porém o conteúdo será o único.
Mesmo que os nossos valores sejam silenciados, esquecidos ou feridos, ainda ouviremos os seus apelos, convidando-nos à prática do bem. Por isso que, discorrer sobre o ‘dom do valor’ é o mesmo que resgatar a origem da nossa história. Eles não surgem naturalmente. Foram doados na fé, ensinados na esperança e assimilados na caridade. Quando agimos conduzidos pelos valores, tornamo-nos íntegros e responsáveis conosco. Agora, quando temos atitudes destituídas de valor, transforma-nos em pessoas infantis, insensatas e, nos piores dos casos, incoerentes.
Não há alguém que menospreze tanto o valor, a ponto não possui-lo. Sempre refletiremos aquilo que acreditamos. Nossos valores são conhecidos a partir das palavras e das atitudes que demonstramos, no cotidiano. Talvez, o grande desafio da existência seja alinhar a vida à exigência de nossos valores. Contudo, alguns ainda se esquecem de que o valor não foi feito para aprisionar. Ele existe para que nos tornemos livres e fiéis ao Pai e também a nós mesmos. Fieis Àquele que nos criou e à nossa própria consciência. Engana-se quem pensa o valor dentro de uma ótica fechada ou moralista. Do contrário, ele é uma condição existencial para o desenvolvimento da maturidade humana. Quando perdemos nossos valores, anulamos um pouco de nós, para assumirmos um personagem. Passamos a usar as pessoas e não as coisas. Assumimos posturas de quem vive tudo ao mesmo tempo, de forma, cada vez mais vazia. Perde-se o entusiamo, o significado e o sentido da vida. A conclusão é bastante lógica: uma vida sem valores não tem valor algum!
Aquele que se esvazia de seus príncipios mais pessoais, perde-se de si mesmo. Deixa de ser quem é. Torna-se uma cópia mal feita de situações momentâneas e efêmeras. Junto aos valores está o critério da nossa própria identidade! O valor salva a nossa individualidade e a protege de alguns que só querem invalidá-la.
Portanto, é urgente a tarefa de visitar os próprios valores, com a frequência merecida, para sabermos se eles ainda existem em nós. Às vezes, pensamos vivenciá-los, sendo que há tempos os deixamos de lado. Talvez, até os excluímos de nossa vida sem tomarmos consciência do ocorrido. As coisas, as amizades, os trabalhos, os relacionamentos, a família têm o valor que concedemos a eles. Infelizmente, algo que valorizávamos pode deixar de ser valorativo de forma sutil. Assim, visitemos, revisemos, nos conscientizemos e cultivemos o que temos de mais fundamental, porque com a perda dos nossos valores, perde-se também a importância da nossa história!
Acordemos para a realidade dos fatos à nossa volta, façamos uma séria revisão e constataremos muitas realidades que pensávamos estar vivas, quando já estão mortas. A oração, somanda à determinação, é o melhor caminho para aquele que deseja ressuscitar seus valores. Na porta do nosso sepulcro existencial está Jesus, o Filho amado do Pai Eterno! Ele insiste e, aos poucos, tem rolado a pedra que nos impede de ouvir a Sua voz e sair do sepulcro do ódio, da mágoa, do desafeto, da fofoca, do nervosismo e também dos xingamentos. Permitamos que o amor do Pai possa ressuscitar em nós tudo aquilo que foi morto, quando permitimos a ‘desvalorização dos nossos próprios valores’. Que o dom da fé nos ensine a superar o mal e a sermos reconhecidos pela vivência verdadeira do valor incondicional.

Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R. (Missionário Redentorista, Reitor da Basílica de Trindade e Mestre em Teologia Moral pela Universidade do Vaticano).

Fonte: http://blog.paieterno.com.br/?cat=4

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