Há um ano chegavam ao Brasil a Cruz dos Jovens e o
Ícone de Nossa Senhora, que têm mobilizado milhões de jovens por todo o país.
“Levem-na ao mundo como sinal do amor do Senhor Jesus para a humanidade
e anunciem a todos que somente em Cristo morto e ressuscitado há salvação e
redenção”.
Com essas palavras o Papa João
Paulo II deu aos jovens de toda a Terra a missão de fazer chegar a todos os
povos o Evangelho, despertando-os para o chamado à conversão, para a realidade
do amor de Jesus. Como sinais desse anúncio, os jovens levam consigo uma cruz
de madeira de 3,8 metros e uma imagem de Nossa Senhora Protetora do Povo
Romano, pintada em estilo bizantino. Esses dois objetos foram abençoados pelo
Papa João Paulo II – em 1984 e 2003, respectivamente – e doados aos jovens para
serem levados mundo afora. Com o tempo, eles se tornaram os Símbolos da Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), sempre peregrinando pelos países que a sediam.
No Brasil, essa missão começou a ser cumprida no dia 18 de setembro de
2011, quando
a Cruz – que passou a ser conhecida como Cruz dos Jovens – e a imagem de
Maria – que passou a ser chamado de Ícone de Nossa Senhora – foram acolhidos
com uma grande festa em São Paulo. O calor intenso naquele dia não impediu que
quase 80 mil pessoas se aglomerassem no Campo de Marte para receber os Símbolos
da JMJ, que desembarcaram primeiro em Brasília, vindos da Espanha.
A grande festa em São Paulo foi
chamada de “Bote Fé” – um nome que se popularizou e passou a denominar
simultaneamente os shows musicais realizados nas capitais para celebrar a
passagem da Cruz e do Ícone, e também as etapas da peregrinação em cada diocese
brasileira.
Na Arquidiocese de São Paulo, os
Símbolos da JMJ permaneceram uma semana. Foram ao encontro dos jovens em
diversos lugares: na catedral, em uma favela, em um abrigo de moradores de rua,
na Cracolândia.
Depois da capital paulista,
começou a longa peregrinação que está passando por quase todas as dioceses
brasileiras. Primeiro, foi percorrido o interior do estado de São Paulo, com
exceção do Vale do Paraíba. Em seguida, os Símbolos foram acolhidos em Minas
Gerais, onde percorreram várias dioceses, incluindo as cidades históricas. Foi
então a vez do Nordeste, onde todas as dioceses foram visitadas, começando pela
Bahia e terminando no Maranhão. Em Recife, a celebração final reuniu cerca de
120 mil pessoas – numa noite de segunda-feira! – e em Fortaleza, foram 110 mil.
Mas não só as capitais acolheram a Cruz e o Ícone: os jovens das cidades do
sertão também puderam demonstrar sua devoção.
Depois de ir ao Nordeste, os
Símbolos iniciaram uma trajetória rumo ao sul, e entraram no Tocantins. Ali
peregrinaram por prelazias, foram recebidos na jovem capital Palmas, e
seguiram para Goiás, onde passaram por várias cidades e fizeram a tradicional
romaria até o Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade. Em Brasília, um
momento marcante: a Cruz e o Ícone entraram no Palácio do Planalto, o centro do
poder do país. No Centro-Oeste, os Símbolos também foram ao Mato Grosso do Sul
e ao Mato Grosso, onde foram acolhidos por várias comunidades indígenas.
A partir daí, recomeçou a
trajetória rumo ao norte do Brasil: agora, para o coração da Amazônia. A Cruz e
o Ícone foram para Rondônia, Acre, Roraima e Amazonas. Se antes, a peregrinação
era quase sempre feita de caminhão, agora passou a ser feita também nos barcos
que navegam pelos rios Amazonas, Negro, Solimões, Madeira, Mamoré...
Neste momento em que a peregrinação completa um ano, a Cruz dos Jovens e
o Ícone de Nossa Senhora estão na Prelazia de Borba, no sul do Amazonas. É a
diocese de número 169 a acolhê-los. Faltam ainda cerca de uma centena – no Pará, no
Amapá, em toda a Região Sul, nos países do Cone Sul (Argentina, Uruguai,
Paraguai e Chile), no Espírito Santo e ainda em regiões de São Paulo e Minas
Gerais, sem falar no ultimo estado a receber os Símbolos: o Rio de Janeiro.
Nunca a peregrinação da Cruz e do
Ícone foi tão longa e complexa. Cada diocese é responsável por buscar os
Símbolos na diocese vizinha. Em geral, o traslado é feito por caminhão e, no
começo da programação diocesana, ambos são montados e colocados em seus
respectivos suportes. É preciso tomar enorme cuidado com eles, pois, apesar de
grandes, são frágeis. Em São Luís e em Brasília, a Cruz e o Ícone passaram por
rápidas restaurações. Mas o carinho do povo com os dois Símbolos é evidente.
Ao longo de todo o trajeto, a
Cruz e o Ícone percorreram dezenas de milhares de quilômetros no interior do
Brasil, atraindo multidões tanto nas grandes capitais como nos pequenos
lugarejos. Foram visitadas igrejas, catedrais, escolas, universidades,
hospitais, centros de detenção masculinos e femininos, centros de reabilitação
de dependentes químicos, favelas, lixões, ginásios esportivos, aldeias
indígenas – sem falar nas incontáveis procissões, caminhadas e carreatas que
percorreram ruas, rodovias e estradas de terra.
Em cada lugar, um sem número de
manifestações de fé, de amor, de devoção. Os jovens fazem festa e barulho,
cantam e dançam, os idosos e crianças também não perdem a oportunidade. Todos
se aglomeram e tentam tocar, quem sabe até carregar a Cruz e o Ícone. Alguns
conseguem um toque rápido, mas suficiente para reavivar a fé. Outros conseguem
ficar por vários minutos em meditação.
Quantos jovens não vararam a
noite buscando os Símbolos na diocese vizinha, ou em vigília com eles a
madrugada toda? Quantos não tiveram a oportunidade de montá-los e de
carregá-los? Quantos milhares de voluntários não se mobilizaram país afora
preparando toda a complexa estrutura de acolhimento – que inclui organizar o
roteiro e a liturgia, divulgar e mobilizar a população, negociar com
autoridades, agendar com artistas, garantir equipes de segurança e socorro
médico, fazer a cobertura jornalística, etc. Quanta atenção a peregrinação não
trouxe para refletir sobre a realidade juvenil tanto na Igreja quanto na
sociedade com suas dificuldades e encantos?
Quantos corações não se
converteram a Jesus em cada etapa dessa peregrinação? Quantos não choraram e
pediram graças a Maria? Quantos não as alcançaram? Só Deus conhece essas
respostas, mas podemos suspeitar que os números são altos...
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