segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CRISTÃOS SEM CRISTO



Assim como há católicos sem padres, isto é, crentes que se afiram católicos, mas dispensam os padres por não confiarem em nenhum deles, há cristãos que se afirmam Jesuinos, isto é: são admiradores de Jesus, mas não o consideram o Cristo e não o vêem como o esperado Messias. Também não acreditam em nenhum messias, mas admitem que se houvesse um Jesus seria o melhor candidato porque era um sujeito “da hora”, “diferente”, “mais-mais”, “mais que demais” “pessoa plus”. Mas o Ungido que o mundo espera, bem, isso ele não foi!


Dias atrás um desses cristãos sem Cristo me falou de alguns autores que tem lido. Não conhecia todos, mas uns dez deles eu já li e até lhe mostrei um que tinha no carro. Trata-se de um ex pastor evangélico, muito culto e versado em Bíblia que escreve muito bem e que, em dois de seus livros, trata de sua descrença. Perdeu a fé em Jesus e registrou sua perda num livro.

Como ele, há centenas de escritores que duvidam de Jesus e dos seus discípulos de ontem e de agora. Fé é um sentimento misterioso que nem sempre segue a lógica ou os outros sentimentos. É um aceitar sem muitos porquês assim como a descrença muitas vezes é um negar sem muitos porquês. Basta um motivo forte para crer e também um forte motivo para não crer. Para uma esposa foi a perda do marido por um câncer que feriu toda a família. Na mesma igreja um outro pai teve o mesmo tipo de câncer e sua força interior diante da morte, que veio lentamente, aproximou a família e trouxe dois filhos á fé. O mesmo fato gerou reações diferentes.

Fé é relação e é reação. Diante de Jesus e das narrativas que o retratam, alguém talvez reaja crendo e outro possivelmente navegue na dúvida. Um aceita Jesus como o grande ungido e outro, por duvidar de unções e de intervenções do céu não nega seus valores, mas não aceita que ele seja exaltado e proclamado Filho de Deus, muito menos Deus!

Dois irmãos e amigos, a quem muito prezo, disseram-me, num jantar em sua casa, depois que lhes dei meu mais recente livro de presente:- “Não cremos, mas interessa-nos o que se fala sobre Jesus.” O mais novo, professor em faculdade, disse com maior clareza: “ O fato de eu não crer que Jesus é Deus não significa que eu o rejeito. Ele é um paradigma humano da maior grandeza.Mas crer nele como Deus, eu não creio!” Falei-lhe de Carl Sagan que disse coisa semelhante num dos seus livros*. Experiências…. “ O fato de que dizer que não creio não significa que não pode ser verdade. Só estou dizendo que não creio”.

Nós às vezes tiramos conclusões erradas. Os chamados “cristãos sem Cristo” não desprezam Jesus. Mesmo não crendo nos evangelhos, eles se interessam pelas idéias e ensinamentos que a ele se atribuem. Se Jesus foi e continua marcante é porque teve o que dizer! Um deles me disse que sente-se um “Jesuíno”. Só não se afirma “cristão”. Segundo ele, Jesus foi um ser humano admirável e muito acima do comum; apenas não consegue crer que ele tenha vindo do céu. Em Deus ele crê; só não crê que Deus tenha tido um filho eterno. Assim como ele me respeita eu o respeito. Somos bons amigos. Apenas não cremos do mesmo jeito!

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