terça-feira, 4 de dezembro de 2012

UM DEUS DE BARBAS BRANCAS


Ao ver, na casa de uma fiel, um pôster e uma imagem em que Deus Pai estava representado como um velho de barbas brancas, pedi licença para explicar a pintura e a escultura. Ela concordou dizendo que me aceitava como catequista dela desde que era criança.

Disse-lhe que é preciso distinguir entre a imaginação do pintor e escultor e a doutrina da Igreja. Nem sempre o que pintor ou escultor imaginou combina com a catequese da Igreja. No caso, ela possuía em casa duas representações da Santíssima Trindade. Uma mostrava apenas a pessoa do Pai no ato da criação. O pintor imaginou o dedo dele criando o ser humano e o fez um velho de barbas brancas. No outro caso, o Pai era um velho de barbas longas e brancas, vestido de manto de patriarca; o Filho era um jovem crucificado e o Espirito Santo era uma pomba entre ambos. Maria estava entre eles.


Expliquei que, outra vez, era concepção de um pintor, e que, por melhor que fosse a intenção dele, a catequese da Igreja não segue aquela pintura. Ário, um padre negro bonitão e bom cantor que arrastava multidões com suas canções e pregações populares, foi condenado e expulso de Alexandria pelo bispo Alexandre em 318 da nossa era, por ensinar, entre outras coisas, que o Pai era mais velho do que o Filho e por negar a eternidade do Filho… Outros foram condenados por confundirem o Espirito Santo com vento, línguas de fogo ou pombas. Misturaram a pessoa da Trindade com o sinal que ela usou.

Expliquei mais. Maria não faz parte da Santíssima Trindade. Ela não é deusa. O lugar dela na pintura deveria ser em baixo, ajoelhada e adorando a Trindade Santa. Como um todo, a pintura e a escultura traiam uma visão antropomórfica de Deus, coisa de um pintor que não era teólogo nem catequista. Se fosse, não pintaria Deus daquela forma.
Ela entendeu e perguntou:- E o que faço com estas pinturas que não representam o que de fato a Igreja crê a respeito de Deus e de Maria? Respondi: -Procure outras que expressem melhor o que cremos. Mas, se quiser mantê-las, ponha em baixo uma explicação para quem olhá-las.

Tornei a passar por lá e a inteligente mãe de família havia optado por deixar o quadro e a escultura, mas escrevera em baixo: -“Deus não é assim!”… Disse-me que quando achasse quadros mais catequéticos os colocaria no lugar.

Enviei-lhe uma pintura antiga que achei entre minhas fotos de viagem: era Maria ajoelhada em adoração e respeito, diante de uma única luz que chegava a ela em três fachos. Não diz tudo, mas sugere mais do que um Deus de barbas brancas. Ela disse que uma amiga a está reproduzindo em tamanho grande! …

Pe. Zezinho SCJ

Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com

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