Ele
era de outra igreja e apostrofou-me à queima roupa:
-
Você adora ou não adora cruzes? Sua Igreja até reza isso na semana santa!
Olhei
com calma e disse:
-Se
prometer não me interromper, eu explico.- Prometeu.
Então
eu lhe disse:
-
Você tem carinho especial pela sua Bíblia. É justo que tenha. Aprende nela! Eu
aprendo com a Bíblia e com a cruz. Esta cruz pequena aqui no meu peito, eu não
adoro, nem aquele enorme cruzeiro lá no morro, nem cruzes nas salas ou nas
torres de igreja. São obras de marceneiros, carpinteiros e artesãos. Eu não
poderia adorá-las porque são apenas objetos de devoção. Ela lembram Jesus, mas
Jesus não está nelas. Se pegarem fogo Jesus não se queimará.
Mas,
como você diz que adora Jesus, e que o sangue de Jesus tem poder e por isso
mesmo adora Jesus, entenderá que aquela cruz na qual ele morreu tornou-se
especial, porque seu sangue escorreu por ela. Eu nunca cheguei perto dela ou do
que dizem que ainda existe dela. Então, recorro a símbolos.
Aquela
cruz única empapada com o sangue redentor do Cristo foi madeiro santificado. Se
eu chegasse perto de um pedaço dela eu o beijaria com a maior reverência, em
memória do sangue que escorreu por aquele lenho. Ao adorar aquele sangue do meu
Senhor misturado ao lenho onde ele morreu eu estaria, sim, adorando tudo o que
teve a ver com a morte dele por nós.
Quando
digo que adoro a santa cruz não falo desta aqui, nem de milhões de pequenas
cruzes espalhadas pelo mundo. Estou pensando naquele sangue derramado numa
delas e naquela cruz especial que foi testemunha do maior amor do mundo. Esta
aqui que você vê no meu peito não teve o sangue dele a escorrer por ela. É
simbólica e é sinal de gratidão. Esta, eu reverencio, porque aponta para a
outra e para quem morreu na outra. A outra que eu nunca vi, eu venero de
maneira muito especial. Gostaria de chegar perto, ao menos da parte que dizem
que restou dela! Se você soubesse que ainda existe o rolo da lei que Jesus leu
e logo após anunciou sua missão, como você o trataria? Como um documento
qualquer?
Olhou-me
assombrado e disse: – “Faz sentido!” De vez em quando, havendo tempo, a gente
toma um café ecumênico na padaria de um senhor espírita…É… Pois é!
Pe. Zezinho SCJ
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