O Vaticano expressou
hoje inquietação pela apreensão de um documento privado dirigido ao papa,
aquando de uma busca realizada na terça-feira pelas autoridades italianas à
casa do antigo presidente da instituição bancária da Igreja.
“A Santa Sé tomou
conhecimento com surpresa e preocupação dos recentes acontecimentos em que está
envolvido o professor Gotti Tedeschi”, que até maio dirigiu o Instituto das
Obras Religiosas (IOR), refere uma nota divulgada pelo portal de informações do
Vaticano.
A Igreja reitera nas
autoridades judiciais italianas “a máxima confiança de que as prerrogativas
soberanas reconhecidas à Santa Sé no ordenamento internacional sejam
adequadamente consideradas e respeitadas”, assinala o texto.
Na terça-feira a polícia
transalpina executou um mandato de busca na casa de Ettore Gotti Tedeschi
devido a uma investigação de corrupção na Finmeccanica, importante empresa
aeroespacial controlada pelo estado italiano, explica o Vaticano.
As autoridades
judiciais apreenderam documentação para Bento XVI que o responsável tinha
preparado a propósito do seu afastamento do IOR mas realçaram que a busca não
estava relacionada com o cargo desempenhado no comummente designado banco do
Vaticano.
A declaração
publicada hoje reafirma a “plena confiança” da Santa Sé “nas pessoas que
dedicam a sua atividade com empenho e profissionalismo ao Instituto para as
Obras Religiosas”.
O comunicado salienta
também que o Vaticano está a examinar “com o máximo cuidado os eventuais
efeitos lesivos dos acontecimentos, no respeito dos seus direitos e dos seus
órgãos”.
A nota reafirma que a
moção de afastamento de Gotti Tedeschi votada pelo Conselho de Supervisão do
IOR foi baseada em “motivos objetivos, respeitantes ao governo do Instituto, e
não determinada por uma presumível oposição à linha de transparência [nas
operações bancárias]”, que, acrescenta, é igualmente defendida pela Santa Sé.
O Conselho de
Supervisão votou a 24 de maio uma moção de desconfiança ao presidente Gotti
Tedeschi e recomendou a cessação do seu mandato como presidente.
Os membros do
Conselho lamentaram os acontecimentos que conduziram à decisão mas frisaram que
ela “é importante para manter a vitalidade do Instituto”, refere um comunicado
publicado na altura pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O portal de
informações do Vaticano adiantou que o afastamento foi motivado pela crescente
apreensão dos membros do Conselho de Supervisão relativamente aos destinos do
Instituto, e apesar dos esforços repetidos para comunicar essas preocupações a
Gotti Tedeschi a situação deteriorou-se.
O presidente deposto
foi nomeado em 2009, após o Papa Bento XVI ter decidido adaptar o IOR às regras
internacionais de transparência financeira.
Gotti Tedeschi,
antigo presidente do Santander Consumer Bank, foi indicado para o cargo após a
renúncia do presidente cessante, Angelo Caloia, e do seu conselho.
O IOR não é um banco
no sentido comum do termo mas uma entidade que administra os bens das
instituições católicas, aplicando os lucros no apostolado religioso e
caritativo.
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