O
Papa Bento XVI explicou que sem a oração, que a respiração da alma, a vida se
converte em um mero ativismo que sufoca e não satisfaz; impedindo além disso
"ver a realidade com olhos novos".
Assim
o indicou o Santo Padre na catequese da sua Audiência geral desta quarta-feira
com os fiéis na Praça de São Pedro, em uma reflexão sobre a oração nos
primeiros tempos da Igreja com os Apóstolos.
Bento
XVI explicou que "Sem a oração cotidiana vivida com fidelidade, o nosso
fazer se esvazia, perde o sentido profundo, se reduz a um simples ativismo que,
no final, nos deixa insatisfeitos. (...) Cada passo da nossa vida, toda ação,
também na Igreja, deve ser feita diante de Deus, à luz da sua Palavra".
“Quando
a oração é alimentada pela palavra de Deus, podemos ver a realidade com olhos
novos, com os olhos da fé e o Senhor, que fala à mente e ao coração, dá nova
luz ao caminho em todos os momentos e em todas as situações. Nós cremos na
força da Palavra de Deus e da oração. Também a dificuldade que está vivendo a
Igreja diante do problema do serviço aos pobres e a questão da caridade, é
superada na oração, à luz de Deus, do Espírito Santo", afirmou.
"Se
os pulmões da oração e da Palavra de Deus não alimentam a respiração da nossa
vida espiritual, sofremos o risco de nos sufocarmos em meio às mil coisas de
todos os dias: a oração é a respiração da alma e da vida", alertou o Santo
Padre.
Quando
rezamos, "quando nos encontramos no silêncio de uma igreja ou de nosso
quarto, estamos unidos no Senhor a tantos irmãos e irmãs na fé, como uma junção
de instrumentos, que apesar da individualidade de cada um, elevam a Deus uma
única grande sinfonia de intercessão, de agradecimento e de louvor", disse
o Papa.
Sobre
os primeiros cristãos, Bento XVI disse que "desde o início do seu caminho,
(a Igreja) teve que enfrentar situações imprevistas, novas questões e
emergências às quais procurou dar respostas à luz da fé, deixando-se guiar pelo
Espírito Santo".
Isso
se manifestou já nos tempos dos Apóstolos. O evangelista São Lucas narra no
livro dos Atos um problema sério que a primeira comunidade cristã de Jerusalém
teve que resolver (…) “a respeito da pastoral da caridade junto às pessoas
solitárias e necessitadas de assistência e ajuda", uma questão difícil que
podia provocar divisões dentro da Igreja.
"Neste
momento de emergência pastoral, sobressai o discernimento realizado pelos
apóstolos. Eles se encontram diante da exigência primária de anunciar a Palavra
de Deus segundo o mandato do Senhor, mas - também se esta é uma exigência primária
da Igreja - consideram da mesma forma o dever da caridade e da justiça, isto é,
o dever de assistir as viúvas, os pobres, de prover com amor diante das
situações de necessidade nas quais se encontram irmãos e irmãs, para responder
ao mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”".
A
decisão que tomam é clara: não é justo que abandonem a oração e a predicação,
por isso foram "são escolhidos sete homens; os apóstolos rezam para pedir
a força do Espírito Santo e depois, impõem as mãos para que se dediquem em modo
particular a essa diaconia da caridade".
Esta
decisão, explicou o Papa, "mostra a prioridade que devemos dar a Deus, à
relação com Ele na oração, tanto pessoal como comunitária. Sem a capacidade de
nos parar a escutar ao Senhor, a dialogar com Ele, corre-se o risco de
agitar-se e preocupar-se inutilmente pelos problemas e as dificuldades,
incluídas as eclesiásticas e pastorais".
Bento
XVI recordou que os santos "experimentaram uma profunda unidade de vida
entre oração e ação, entre amor total a Deus e amor aos irmãos".
“São
Bernardo, que é modelo de harmonia entre contemplação e operosidade, no livro
De Consideratione, endereçado ao Papa Inocêncio II para oferecer-lhe algumas
reflexões a respeito de seu ministério, insiste exatamente sobre a importância
do recolhimento interior, da oração para defender-se dos perigos de uma
atividade excessiva, qualquer que seja a condição na qual se encontra a tarefa
que se está desenvolvendo. São Bernardo afirma que a demasiada ocupação, uma
vida frenética, geralmente acabam induzindo o coração a fazer sofrer o
espírito", ressaltou.
"O
trecho dos Atos dos Apóstolos nos recorda a importância do trabalho - sem
dúvida se é criado um verdadeiro ministério - , do empenho nas atividades
cotidianas que são desenvolvidas com responsabilidade e dedicação, mas também a
nossa necessidade de Deus, da sua direção, da sua luz que nos dão força e
esperança",concluiu o Santo Padre.
Fonte: http://www.acidigital.com
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