Os pais de uma criança de 2 anos, que teve anencefalia (ausência de cérebro) diagnosticada durante a gravidez, acompanham, com a filha, o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da ação que pede a liberação da interrupção da gravidez de feto sem cérebro.
Apesar do diagnóstico de anencefalia, Vitória nasceu com um resquício de cérebro e couro cabeludo (acrania),conforme especialistas ouvidos pelo G1. Eles informaram que trata-se de uma "sobrevida vegetativa" e a mãe poderia ter pedido a interrupção da gravidez por conta do diagnóstico - confira abaixo opiniões de médicos sobre o caso.
A mãe da menina, Joana Croxato, contou que a família saiu de São Paulo para acompanhar o julgamento e afirmou que nunca pensou em abortar durante a gravidez mesmo após a confirmação da anencefalia por meio de exames. Ela afirmou não pertencer a nenhuma entidade ou grupo contra o aborto.
"Ela é uma criança com deficiência neurológica e precisa de estimulação, porém ela não é um vegetal, não é uma coisa. Ela é um ser humano com sentimentos", disse.
O Supremo começou na manhã desta quarta-feira (11) o julgamento da ação que pede que seja liberada a interrupção da gravidez de feto sem cérebro. Atualmente, a lei brasileira considera o aborto como crime e não há exceção para o caso de anencéfalos. Para interromper a gravidez nesses casos, as mães precisam de autorização judicial.
Segundo Joana, a menina responde à dor, tenta engatinhar e chora quando está incomodada. A mãe disse, ainda, que a criança demonstra prazer quando se alimenta e quando recebe carinho. "Ela sorri, ela tem carinho. É amor incondicional."
O pai também disse que a menina sorri quando recebe carinho. "É uma criança muito doce, muito sensível, digna de todo amor que ela recebe."
A mãe contou que sempre conversa com outras mães na mesma situação. "Quando a mãe recebe a notícia, é um sofrimento interminável. Mas, quando se encontra uma saída, muitas mães entram em contato comigo e temos que fazer o que está ao nosso alcance porque a vida não está no nosso controle. [...] Como é possível você dar o diagnóstico de um bebê quando ainda está no útero? Você não pode dar um diagnóstico só olhando para o exame, a medicina não é dois mais dois igual a quatro sempre."
oana disse que foi um "momento difícil" receber o diagnóstico de Vitória. "O momento mais difícil foi receber a notícia do diagnóstico, de que a Vitória tinha uma doença grave e que ela ia morrer e a gente não saberia quando que ela ia morrer e eu procurei especialistas e eles disseram que eu ia correr riscos. [...] Existem situações que a gente fica abalada, eu busquei ajuda, busquei apoio da família, apoio espiritual e é uma situação muito especial e delicada."
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário