terça-feira, 24 de julho de 2012

A Sat7, criada há dezesseis anos, é mantida pela Ajuda à Igreja que Sofre


A emissora cristã Sat7 foi criada há dezesseis anos para o público da Turquia, do Irã e do mundo árabe. “Temos certeza de que a ignorância leva ao preconceito e à difusão dos conflitos, e que só a informação honesta pode frear este processo”, declara Kurt Johansen, diretor do escritório europeu da Sat7, sediado em Christiansfeld, Dinamarca, em conversa com a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Naturalmente, as dificuldades são muitas para um pequeno canal voltado a uma minoria, que, além de tudo, está em constante diminuição, como é a dos cristãos no Oriente Médio e no norte da África. “Os cristãos representam hoje cerca de 4% da população do Oriente Médio”, continua o jornalista. “O resto dos habitantes conhece muito pouco dos cristãos e da religião cristã. O cristianismo ainda é associado frequentemente ao Ocidente, do qual, no geral, os arabes desconfiam”.

A missão do pequeno canal por satélite, cuja sede mundial fica em Nicósia, no Chipre, é atingir o público islâmico e difundir os valores da fé cristã. “É uma tarefa difícil numa região vasta e de maioria muçulmana, onde vivem mais de 200 milhões de pessoas e onde já existem outros 300 canais. Até agora, o nosso esforço está dando certo”. 

Os telespectadores habituais da Sat7 são cerca de 7 milhões. O número está crescendo. Os responsáveis pela emissora são as igrejas cristãs do Oriente Médio e do norte da África, que levantam em média 12 milhões de dólares por ano em donativos. A AIS mantém regularmente o canal desde 1999.

A programação vai ao ar durante 24 horas diárias em quatro canais nos idiomas árabe e farsi, e durante quatro horas no canal em turco. A grade inclui talkshows sobre assuntos cotidianos e religiosos, aprofundados por especialistas em cada matéria. Mas o ponto forte da programação são os filmes e documentários inspirados em episódios da bíblia. “No Oriente Médio, a tradição de contar histórias é muito antiga e valorizada”.

Em 2007,  foi criado um canal infantil, o Sat7 Kids, com programas de cultura geral e reportagens do mundo árabe. “Nunca entramos em temáticas políticas, nem nas questões internas do mundo árabe”, explica Johansen. “Quando temos que abordar assuntos polêmicos, como o papel da mulher, ficamos bem atentos para não ferir a sensibilidade dos telespectadores”.

Mas a sensibilidade não é a única razão do reconhecimento que a emissora conseguiu das autoridades locais. Mais de dois terços dos funcionários da Sat7 são da região e cerca de 80% dos programas são produzidos no Oriente Médio, em especial no Egito e no Líbano. “Mas nem isto nos garante segurança absoluta. Para muitos, uma TV cristã continua sendo um espinho no pé. Principalmente se ela tem milhões de telespectadores”.

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