quarta-feira, 18 de julho de 2012

Bispo português: Católicos têm de sair da «sacristia» e dialogar com o mundo


D. António Moiteiro Ramos, que o Papa Bento XVI nomeou bispo auxiliar de Braga, considera que a Igreja Católica tem de deixar de estar centrada em si e apostar no diálogo com o mundo. “Estamos demasiado voltados para dentro, para as nossas missas, para os nossos trabalhos eclesiais, para a administração dos sacramentos. Estamos, e deixe-me passar a expressão, a colocarmo-nos demasiado na sacristia, quando devíamos ir para fora, para os adros das igrejas e para os areópagos do mundo de hoje”, afirmou em declarações publicadas hoje no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Tanto padres como leigos estão sujeitos à “tentação” de “participar apenas em atividades dirigidas para dentro da Igreja, quando não pode ser assim”, frisou o sacerdote de 56 anos, que a 12 de agosto vai receber a ordenação episcopal na Sé da Guarda, diocese de onde é natural. “Devemos ser capazes de mostrar com a nossa vida, o nosso trabalho e a nossa forma de pensar que a fé continua a ser significativa para os tempos de hoje”, acentuou D. António Moiteiro, acrescentando que a fé deixará de ser significativa para a sociedade se for incapaz de “criar cultura”. O prelado sublinha que “há muita gente que se diz do mundo da cultura e não é capaz de entender o esforço que a Igreja e os cristãos estão a fazer para responder às dificuldades económicas e sociais que se vivem em Portugal, pelo que os católicos precisam de “aprofundar o diálogo aqueles que são os grandes fazedores de opinião”. Referindo-se às prioridades relacionadas com a cultura que pretende assumir no serviço episcopal, o novo bispo refere que gostaria de se aproximar dos alunos das escolas e universidades, estabelecendo uma relação “fundamental para mudar as mentalidades”. “Na Arquidiocese de Braga vamos ter proximamente o Átrio dos Gentios. Iniciativas deste tipo, em que se colocam em diálogo pessoas de várias sensibilidades, mesmo que afastadas do mundo religioso, que se interrogam sobre questões essenciais do ser humano, serão também essenciais no meu ministério”, salientou.

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