Jesus sabe que
o caminho dos homens é longo e que eles são fracos. Podem desfalecer enquanto
caminham pelo mundo afora. É o que vemos no Evangelho de hoje: Jesus tem
compaixão daquele povo que já estava cansado e com fome. Assim, compadecido em
despedi-los neste estado, realiza o portentoso milagre da multiplicação dos
pães.
A
multidão seguia Jesus, “porque
via os sinais que Ele operava a favor dos doentes”. No entanto, o
Senhor tinha para com eles um zelo e um olhar de quem via todas as suas
necessidades. Assim foi que, logo ao enxergar a multidão que vinha ao Seu
encontro, Cristo lembrou-se de que eles deveriam estar com fome e precisavam se
alimentar. Jesus aproveitava todas as oportunidades para instruir os Seus
discípulos e para dar testemunho da bondade do Pai. Por isso, Ele os punha à
prova a fim de medir a generosidade daqueles que caminhavam com Ele.
O
Senhor sabia que a multidão faminta não poderia aprender os mistérios do Pai e,
ao mesmo tempo, exercitava os Seus discípulos a não se omitirem diante dos
desafios e a se colocarem sob a Providência Divina: “Onde
vamos comprar pão para que eles possam comer?”
Assim
foi que – questionados sobre o que teriam de fazer – apareceu André que lhe deu
a notícia de alguém que tinha cinco pães e dois peixes. São lições que, hoje,
servem para a nossa vida: Como alimentar tanta gente tendo tão pouco? O que
fazer? O que pensar? Desistir, resmungar, murmurar?
Você
tem vivido isso na sua família? Já percebeu, na sua casa, o que cada um tem
para oferecer? Costuma sentar-se para fazer uma avaliação das suas
possibilidades colocadas nas mãos de Deus? E o que é feito do milagre? Ele já
aconteceu? Todo milagre é possível, porque Jesus se despiu de Sua glória,
tornou-se ser humano e habitou entre nós.
Vemos,
neste texto, que Jesus estava sempre próximo da multidão, dando-lhes acesso por
meio de Sua convivência na sociedade. Jesus vivia no meio do povo: religiosos e
pecadores, fariseus, sacerdotes, prostitutas, romanos, samaritanos, judeus,
fenícios, ricos, pobres, fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de
impostos, militares, pescadores, revolucionários, leprosos, cegos, aleijados,
loucos, possessos, homens e mulheres.
Jesus
encontrava as pessoas onde elas estavam: seja um cego à beira da estrada, uma
mulher no poço, um agiota desiludido caminhando. Ele sempre aceitava o convite
para passear, jantar, ir à casa dos outros, conhecer uns amigos, visitar
doentes, ler a Bíblia, beber um copo de vinho numa festa etc. Assim, você deve,
hoje, “sair do templo” e conviver com as pessoas. Vá ao encontro delas, porque
você precisa ser o milagre entres os povos.
Este
era o contexto, anterior ao milagre da multiplicação de pães e peixes, ao qual
Jesus estava inserido: a) O dia havia sido exaustivo; b) Jesus recebe a notícia
do assassinato de João Batista; c) Ele sabe que Herodes perguntava por
Ele. O Senhor respirava ameaças de morte. d) Ele recebe Seus discípulos
contando tudo que tinham feito e ensinado, após serem enviados dois a dois. e)
Jesus não teve tempo de almoçar nem de descansar. f) Mas, diante da multidão
necessitada, reviu Sua agenda. Ele permitiu que a necessidade do povo carente
se impusesse à d’Ele.
A
compaixão venceu o luto, a ameaça de morte, o cansaço e a fome. A compaixão é o
instrumento de Deus para nos fortalecer, para servir os pobres e os
necessitados. Fuja do ativismo religioso que prioriza templo, coisas,
programações. Priorize sempre as pessoas.
“Quem
não serve para servir, não serve para viver”. Pregue o Evangelho para todo
mundo. Para falar de amor, eu tenho de aprender a repartir o pão, chorar com os
que choram e me alegrar com os que se alegram.
Lembro-lhe
que o serviço acontece como uma ponte que liga a Palavra do Evangelho anunciada
e a necessidade humana. E nós, discípulos de Cristo, somos os construtores
dessa ponte para transformar vidas e salvar almas.
Padre Bantu
Mendonça
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