Fala aí, você já imaginou a sua vida sem internet? Há quem diga que sim, é possível viver sem estar on-line. Mas vamos lá, imagine-se acordando e descobrindo que o mundo não está mais conectado. Você não pode passar um e-mail, seus contatos e amigos das redes sociais se perderam e você, se quer, pode tuitar, fazer uma simples pesquisa no Google ou acessar seu perfil no Facebook. Calma, não se desespere, é só uma imaginação.
Com a invenção da internet, nós entramos na chamada “cultura digital”, ou seja, um mundo novo com novas formas de se comunicar e relacionar, tudo isso proposto por novas tecnologias que avançam tão rapidamente como a própria velocidade da rede.
“Cada tecnologia colocada na sociedade ela muda a sociedade logo em seguida. Hoje, nós temos uma nova tecnologia revolucionária a cada 18 meses”, é o que diz a especialista em Marketing Digital, escritora e palestrante internacional Martha Gabriel. Segundo ela, é impossível pensar o mundo como o vemos hoje, sem estarmos conectados.
“Se pararmos para pensar, nós não conseguiremos imaginar o mundo sem eletricidade. Eu diria que é a mesma coisa com relação à internet”, diz Martha.
Se a internet causou uma revolução no mundo, uma outra revolução aconteceu a partir dela: o conceito Web 2.0 com as chamadas redes sociais. Estas permitiram que nossa vida fosse compartilhada com o mundo. Uma simples foto de um lugar bonito, nossos gostos e opiniões podem, agora, atingir milhares de pessoas em tempo real.
“Na verdade, nós já vivíamos em
rede, ou seja, todos nós já tínhamos nossos amigos na rua, na escola, no
trabalho; mas com a Web 2.0 e as redes sociais nós temos uma plataforma para
viver isso de forma on-line”, diz Armindo Ferreira,
jornalista e especialista em Marketing Digital.
Para muita gente, no entanto, o fenômeno das redes sociais como
Twitter e Facebook são “modinhas” que vão passar, mas não é o que pensa
Armindo. Segundo o profissional, as mídias digitais vão passar por
transformações, no entanto, vieram para ficar. “Eu, quando estudei a história da
comunicação, fique imaginando como deve ter sido impactante ver o surgimento da
TV. Nós estamos assistindo ao surgimento de uma nova mídia que vai moldar o
comportamento das futuras gerações; então, não é mais uma moda”, explica
Armindo.
Para se
ter uma ideia de como estas novas mídias influenciam nossa cultura cada
vez mais, em 2011, nos EUA, um em cada oito casais se conheceram nas redes
sociais e se casaram. As ditaduras do mundo árabe caíram após jovens
organizarem manifestações nas páginas do Facebook, o que ficou conhecido como a
‘primavera Árabe’. Desde 2010, as grandes empresas mundiais têm migrado boa
parte de sua publicidade para estas novas mídias. No entanto, nem tudo é
um mar de bits e amizades coloridas na internet.
Os
transtornos do mundo digital
Se presenciamos o surgimento de uma nova cultura, significa que
também estamos sujeitos a conviver com os transtornos próprios deste mundo
virtual. A superexposição, a necessidade de sempre adquirir a mais nova
tecnologia e o vício em estar sempre conectado são alguns dos limites que este
mundo começa a nos apresentar.
Segundo
estudos realizados pela Universidade de la Salle nos Estados Unidos, existem
cerca de 2, 2 bilhões de usuários de internet no mundo. Deste número, cerca de
50 milhões podem ser considerados viciados na rede.
“A pessoa pode ser considerada viciada na internet quando ela
passa a ter prejuízos na sua vida cotidiana, porque só quer ficar on-line. Ela
deixa de estudar, trabalhar e ter um convívio social saudável para ficar na
rede”, analisa a psicóloga Renata Maransaldi, que trabalha no projeto AnjoTI,
grupo que oferece ajuda às pessoas com transtornos compulsivos como vício de
jogos, compras e internet.
Segundo
a especialista, a pessoa, muitas vezes, não se dá conta de que está trocando as
suas relações pessoais, como convívio com a família e com amigos, pelo mundo
cibernético. “A pessoa se programa para ficar duas horas na internet, mas passa
a ficar oito ou mais, até mesmo o dia inteiro; então, é hora de buscar ajuda
profissional”, alerta Renata.
“Eu
sempre digo que rede social é espaço público, o que você não gostaria de fazer
no mundo off-line não faça no on-line”, diz Martha Gabriel se
referindo ao comportamento que tem se tornado muito comum nas redes: a
superexposição. “Para que você fica postando, o tempo todo na rede, o
que você faz ou gosta de fazer? Talvez isto dê poder aos outros, para que eles
possam manipulá-lo no futuro”, diz a especialista.
Religião e cultura digital
Se a internet
é um mundo no qual as pessoas se relacionam e compartilham de tudo, será que há
espaço para Deus neste mundo? Será que a fé e a religião têm espaço nesta nova
cultura?
“Sim. Deus é presente no mundo
on-line, porque o homem está presente aí”, diz padre Antônio Spadaro, doutor em
teologia da comunicação pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Segundo o sacerdote, é preciso mudar o conceito de que a internet é apenas um
instrumento, um meio de comunicação. “Internet é um ambiente de vida
que exprime o desejo mais antigo do homem: conhecimento e relação”, relata o
sacerdote.
Será que nós cristãos temos testemunhado o rosto de Cristo neste
mundo? Será que ainda não estamos tímidos neste campo de missão? Uma pesquisa
realizada com cristãos, no Reino Unido, apontou que 64 % dos entrevistados usam
a internet para postar conteúdos religiosos, sendo que a faixa etária de 16 a
18 anos responde por 87% das pessoas que evangelizam, intencionalmente, por
esses meios.
“Não
se trata apenas de postar conteúdos religiosos na rede, o cristão deve ser ele
mesmo, dar testemunho de sua fé; é assim que ele evangeliza”, diz padre
Spadaro, que ainda faz um alerta: “Hoje, particularmente hoje, a evangelização
é testemunho”.
A internet continua mudando o mundo e nós somos os protagonistas
desta mudança. Somos testemunhas de uma novo modo de difundir a informação e o
conhecimentos. Nesta cultura que estamos vendo nascer já nos inquietamos com
algumas perguntas: como será o futuro? O que nos reserva este mundo de
inovações e tecnologias? Como viverá as próximas gerações?
A resposta para estas indagações serão respondidas com a nossa
vivência neste mundo de hoje.
Fonte:
Destrave
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