sexta-feira, 8 de junho de 2012

UNIDOS, MESMO QUE DISCORDEMOS



Um cafeeiro não faz uma cafeteria nem um cafezal. São necessários muitos pés de café para se falar em cafezal. Um bambuzeiro é uma moita de bambus, mas só ele não faz um bambuzal. São precisos muitos bambuzeiros para se falar em bambuzal. Um grupo de cristãos não faz o cristianismo, um grupo de católicos não faz o catolicismo e um grupo de evangélicos não faz o evangelismo. É preciso muito mais do que fechar-se num grupo da mesma fé cristã para se falar em igrejas cristãs.

Quem se fecha no seu grupo e não consegue ver valor e beleza nos outros; quem de tal maneira se mostra auto-suficiente que só vê valor nas suas reuniões, nos seus cantos, nas suas preces, nas suas celebrações e nos seus pregadores nega a essência do cristianismo que aponta para o diálogo. Quem insiste em não ver Deus nas outras expressões de fé e de tal maneira superlativiza e canoniza a sua, que se mostra incapaz de orar e cantar com os outros, ou não entendeu Jesus ou não se olhou direito no espelho. Se olhasse, perceberia que indivíduos e grupos têm limites enormes. O mistério do Cristo é imenso demais para que apenas um sujeito ou um só grupo possa dizer que o abarcou.

Se cremos em Jesus somos chamados ao diálogo e ao aprendizado. Há coisas que os outros sabem e vivem que eu, você, meu grupo e seu grupo não vivemos o que outros viveram ou vivem. Mesmo que não desejemos viver ou expressar-nos daquela forma, temos que ouvir e aprender com eles. Há riqueza no outro lado do rio. As águas que correm perto da outra margem são tão limpas ou tão sujas como as nossas. Exclusivismos e exclusividades geram exclusões, e a exclusão desqualifica mais quem exclui e quem se exclui do que aquele que foi excluído.

Jesus é aproximador. Separador é o dia-bolus: o diabo. Pensemos nisso na próxima vez que nos negarmos a cantar a canção dos outros, a menos que contenha desvio da fé. Não negando eles a nossa fé, tentemos cantar, orar e conversar com os outros. Mesmo que discordemos, demos a eles a chance de mostrarem como creem. Reagir? Só quando aqueles irmãos negam a Bíblia ou ensinam errado o Catecismo da nossa Igreja. Aí, quem sabe mais porque estudou o tema, reaja!

Pe. Zezinho SCJ

Um comentário:

  1. Existem duas formas de destruir a misericórdia: eliminando o pecado e eliminando o perdão. Estas são precisamente as duas atitudes mais comuns nos dias que correm. Numa enorme quantidade de situações não se vê nada de mal. Naquelas em que se vê, não há desculpa possível. As acções do próximo ou são indiferentes ou intoleráveis. O que nunca são é censuradas e perdoadas. O que nunca se faz é combinar o repúdio do pecado com a compaixão pelo pecador.

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