sábado, 9 de junho de 2012

Vaticano: Igreja está preocupada com apreensão de documento privado dirigido ao papa


O Vaticano expressou hoje inquietação pela apreensão de um documento privado dirigido ao papa, aquando de uma busca realizada na terça-feira pelas autoridades italianas à casa do antigo presidente da instituição bancária da Igreja.

“A Santa Sé tomou conhecimento com surpresa e preocupação dos recentes acontecimentos em que está envolvido o professor Gotti Tedeschi”, que até maio dirigiu o Instituto das Obras Religiosas (IOR), refere uma nota divulgada pelo portal de informações do Vaticano.

A Igreja reitera nas autoridades judiciais italianas “a máxima confiança de que as prerrogativas soberanas reconhecidas à Santa Sé no ordenamento internacional sejam adequadamente consideradas e respeitadas”, assinala o texto.

Na terça-feira a polícia transalpina executou um mandato de busca na casa de Ettore Gotti Tedeschi devido a uma investigação de corrupção na Finmeccanica, importante empresa aeroespacial controlada pelo estado italiano, explica o Vaticano.

As autoridades judiciais apreenderam documentação para Bento XVI que o responsável tinha preparado a propósito do seu afastamento do IOR mas realçaram que a busca não estava relacionada com o cargo desempenhado no comummente designado banco do Vaticano.

A declaração publicada hoje reafirma a “plena confiança” da Santa Sé “nas pessoas que dedicam a sua atividade com empenho e profissionalismo ao Instituto para as Obras Religiosas”.

O comunicado salienta também que o Vaticano está a examinar “com o máximo cuidado os eventuais efeitos lesivos dos acontecimentos, no respeito dos seus direitos e dos seus órgãos”.

A nota reafirma que a moção de afastamento de Gotti Tedeschi votada pelo Conselho de Supervisão do IOR foi baseada em “motivos objetivos, respeitantes ao governo do Instituto, e não determinada por uma presumível oposição à linha de transparência [nas operações bancárias]”, que, acrescenta, é igualmente defendida pela Santa Sé.

O Conselho de Supervisão votou a 24 de maio uma moção de desconfiança ao presidente Gotti Tedeschi e recomendou a cessação do seu mandato como presidente.

Os membros do Conselho lamentaram os acontecimentos que conduziram à decisão mas frisaram que ela “é importante para manter a vitalidade do Instituto”, refere um comunicado publicado na altura pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O portal de informações do Vaticano adiantou que o afastamento foi motivado pela crescente apreensão dos membros do Conselho de Supervisão relativamente aos destinos do Instituto, e apesar dos esforços repetidos para comunicar essas preocupações a Gotti Tedeschi a situação deteriorou-se.

O presidente deposto foi nomeado em 2009, após o Papa Bento XVI ter decidido adaptar o IOR às regras internacionais de transparência financeira.

Gotti Tedeschi, antigo presidente do Santander Consumer Bank, foi indicado para o cargo após a renúncia do presidente cessante, Angelo Caloia, e do seu conselho.

O IOR não é um banco no sentido comum do termo mas uma entidade que administra os bens das instituições católicas, aplicando os lucros no apostolado religioso e caritativo.

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