Muitas
vezes a sociedade deposita na consciência das pessoas uma série de inverdades
que não correspondem com a realidade dos fatos. Em alguns contextos, indivíduos
são educados de modo que não acreditem em si nem em suas potencialidades.
Quanto mais for ingênuo e demonstrar incapacidade, mais bem quisto será.
Infelizmente, há aqueles que não conseguem conviver com o bom êxito dos outros,
por isso, ignoram qualquer trabalho bem sucedido ou, então, já criticam a
possibilidade de resultados favoráveis. Só é bom, qualificado e profissional
aquilo que eles fazem. O que provém dos demais é inadequado, mal organizado e
inviável.
Contudo,
não é só no trabalho ou na família que acontecem tais situações. A mesma também
pode ser verificada entre amigos, quando um se sente ameaçado pela presença do
outro; entre casais, quando o marido ou a esposa só tende a humilhar, com
palavras de baixo calão e de rebaixamento; entre correntes filosóficas ou
religiosas, que enfatizam a dimensão do sofrimento pelo simples sofrimento,
como se o mesmo fosse o caminho mais eficaz para encontrar a paz interior.
Nestes cenários imagina-se que quanto mais se sofre, quanto mais se tem problemas,
quanto mais adversidades são acometidas, mais pura a pessoa se torna. Dessa
forma, surge o pensamento errôneo de que só é bom aquele que padece até a
morte. O sofrimento sempre é válido para os corações endurecidos, mas não pode
ser a finalidade última de quem deseja transformar sonhos em realidade.
Na
medida em que se perde a confiança humana, perde-se também a fé Divina. Uma é
consequência da outra. Engana-se quem pensa que a educação recebida não tem
efeito nas atitudes daquele que a recebe. O processo de educação tem o poder de
fundamentar nossa identidade e, ao mesmo tempo, definir nosso caráter. Este
pensamento serve para a educação concedida pela Igreja, pela família, pelos
amigos e também pelo ambiente de trabalho e pela escola; de tal modo que é
possível perceber nas atitudes futuras o comportamento de alguém educado na
autoconfiança e de outro, criado na baixa autoestima.
Frases
como: “Você é um incapaz!”, “Nunca vai conseguir vencer na vida!”, “Não passa
de um Zé ninguém!”, “Só sonha e nunca realiza nada!” só tende a impedir o
desenvolvimento da pessoa e colocar obstáculo ao seu processo de
amadurecimento. Alguns chegam a ser lesados em suas capacidades mais
importantes, ficam paralisadas e impossibilitados de ser quem são. Acabam por
assumir um personagem e uma imagem distorcida de si.
O
sonho, desde que justo, tem a missão de revelar os nossos potenciais. Quando o
colocamos em prática rompemos com aquilo que projetaram sobre nós. As ideias de
‘incapaz’, ‘incompetente’ ou ‘mal instruído’ são perdoadas, deixadas de lado,
para que o ‘eu verdadeiro’ venha à tona, com toda a sua força.
A
vida passa a ser impressa com marca de qualidade ao tomarmos consciência do que
somos no coração do Pai Eterno e ao reconhecermos para que fomos criados. O Pai
Eterno não nos infantiliza: nunca vendará a nossa visão da realidade, não
impedirá que cresçamos, não estorvará nosso trabalho, jamais colocará obstáculo
para que sejamos felizes e íntegros. Eis um Deus que faz tudo pela nossa
felicidade!
No
Pai, recuperamos o selo existencial roubado pelo pecado. Assumimos as rédeas da
nossa história e não permitimos ser marionetes nas mãos das pessoas. O Pai
Eterno manifesta a essência maior do nosso ser. As capacidades escondidas ou,
até mesmo, desconhecidas aparecem com o único objetivo de instaurar o Reino de
Deus e de construir um sentido para a nossa vida. Realização pessoal também tem
a ver com significado da existência! Jesus de Nazaré foi Alguém que sonhou os
sonhos do Pai e os fez realidade. A morte na cruz não indica nenhum tipo de
fracasso. Pelo contrário, Ele só foi crucificado porque conseguiu realizar, com
fidelidade, tudo o que lhe foi proposto e assumido.
Jesus
tinha consciência de si e a cada momento tomava noção da grandeza de Sua
missão. O sonho do Cristianismo precisa ser continuado. Ele não está longe de
nós! Encontra-se mais perto do que imaginamos. A doutrina cristã não é
autoajuda, não é alienação e muito menos uma forma de se afastar da realidade.
É muito triste constatar que determinados ateus e agnósticos dão mais exemplos
éticos e morais que certos cristãos.
Portanto,
façamos a experiência de nos sentirmos descobertos, perdoados e realizados no
Pai Eterno. Só concretizaremos os sonhos do Pai à medida que alcançarmos nossos
próprios sonhos: na coerência e retidão de vida, na honestidade, no respeito
pelo outro, no cuidado consigo e amando incondicionalmente. Nunca desistamos
dos nossos sonhos, embora as dificuldades mostrem o contrário. Lutemos por
nossas verdades e cuidemos para não trair nossas convicções. Trabalhemos com
metas, prazos e objetivos. Marquemos onde queremos chegar. Humanizemo-nos e
saberemos que o sonho só se torna realidade quando lutamos por ele, com todas
as nossas forças, sem perder a própria dignidade.
Pe.
Robson de Oliveira Pereira, C.Ss.R.
Missionário
Redentorista, Reitor da Basílica de Trindade e Mestre em Teologia Moral pela
Universidade do Vaticano.
Fonte: http://www.paieterno.com.br/
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