segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A capacidade de tornar sonhos em realidade!


Muitas vezes a sociedade deposita na consciência das pessoas uma série de inverdades que não correspondem com a realidade dos fatos. Em alguns contextos, indivíduos são educados de modo que não acreditem em si nem em suas potencialidades. Quanto mais for ingênuo e demonstrar incapacidade, mais bem quisto será. Infelizmente, há aqueles que não conseguem conviver com o bom êxito dos outros, por isso, ignoram qualquer trabalho bem sucedido ou, então, já criticam a possibilidade de resultados favoráveis. Só é bom, qualificado e profissional aquilo que eles fazem. O que provém dos demais é inadequado, mal organizado e inviável.

Contudo, não é só no trabalho ou na família que acontecem tais situações. A mesma também pode ser verificada entre amigos, quando um se sente ameaçado pela presença do outro; entre casais, quando o marido ou a esposa só tende a humilhar, com palavras de baixo calão e de rebaixamento; entre correntes filosóficas ou religiosas, que enfatizam a dimensão do sofrimento pelo simples sofrimento, como se o mesmo fosse o caminho mais eficaz para encontrar a paz interior. Nestes cenários imagina-se que quanto mais se sofre, quanto mais se tem problemas, quanto mais adversidades são acometidas, mais pura a pessoa se torna. Dessa forma, surge o pensamento errôneo de que só é bom aquele que padece até a morte. O sofrimento sempre é válido para os corações endurecidos, mas não pode ser a finalidade última de quem deseja transformar sonhos em realidade.
  
Na medida em que se perde a confiança humana, perde-se também a fé Divina. Uma é consequência da outra. Engana-se quem pensa que a educação recebida não tem efeito nas atitudes daquele que a recebe. O processo de educação tem o poder de fundamentar nossa identidade e, ao mesmo tempo, definir nosso caráter. Este pensamento serve para a educação concedida pela Igreja, pela família, pelos amigos e também pelo ambiente de trabalho e pela escola; de tal modo que é possível perceber nas atitudes futuras o comportamento de alguém educado na autoconfiança e de outro, criado na baixa autoestima. 

Frases como: “Você é um incapaz!”, “Nunca vai conseguir vencer na vida!”, “Não passa de um Zé ninguém!”, “Só sonha e nunca realiza nada!” só tende a impedir o desenvolvimento da pessoa e colocar obstáculo ao seu processo de amadurecimento. Alguns chegam a ser lesados em suas capacidades mais importantes, ficam paralisadas e impossibilitados de ser quem são. Acabam por assumir um personagem e uma imagem distorcida de si.

O sonho, desde que justo, tem a missão de revelar os nossos potenciais. Quando o colocamos em prática rompemos com aquilo que projetaram sobre nós. As ideias de ‘incapaz’, ‘incompetente’ ou ‘mal instruído’ são perdoadas, deixadas de lado, para que o ‘eu verdadeiro’ venha à tona, com toda a sua força.

 A vida passa a ser impressa com marca de qualidade ao tomarmos consciência do que somos no coração do Pai Eterno e ao reconhecermos para que fomos criados. O Pai Eterno não nos infantiliza: nunca vendará a nossa visão da realidade, não impedirá que cresçamos, não estorvará nosso trabalho, jamais colocará obstáculo para que sejamos felizes e íntegros. Eis um Deus que faz tudo pela nossa felicidade!
  
No Pai, recuperamos o selo existencial roubado pelo pecado. Assumimos as rédeas da nossa história e não permitimos ser marionetes nas mãos das pessoas. O Pai Eterno manifesta a essência maior do nosso ser. As capacidades escondidas ou, até mesmo, desconhecidas aparecem com o único objetivo de instaurar o Reino de Deus e de construir um sentido para a nossa vida. Realização pessoal também tem a ver com significado da existência! Jesus de Nazaré foi Alguém que sonhou os sonhos do Pai e os fez realidade. A morte na cruz não indica nenhum tipo de fracasso. Pelo contrário, Ele só foi crucificado porque conseguiu realizar, com fidelidade, tudo o que lhe foi proposto e assumido.
  
Jesus tinha consciência de si e a cada momento tomava noção da grandeza de Sua missão. O sonho do Cristianismo precisa ser continuado. Ele não está longe de nós! Encontra-se mais perto do que imaginamos. A doutrina cristã não é autoajuda, não é alienação e muito menos uma forma de se afastar da realidade. É muito triste constatar que determinados ateus e agnósticos dão mais exemplos éticos e morais que certos cristãos.

 Portanto, façamos a experiência de nos sentirmos descobertos, perdoados e realizados no Pai Eterno. Só concretizaremos os sonhos do Pai à medida que alcançarmos nossos próprios sonhos: na coerência e retidão de vida, na honestidade, no respeito pelo outro, no cuidado consigo e amando incondicionalmente. Nunca desistamos dos nossos sonhos, embora as dificuldades mostrem o contrário. Lutemos por nossas verdades e cuidemos para não trair nossas convicções. Trabalhemos com metas, prazos e objetivos. Marquemos onde queremos chegar. Humanizemo-nos e saberemos que o sonho só se torna realidade quando lutamos por ele, com todas as nossas forças, sem perder a própria dignidade.
  
Pe. Robson de Oliveira Pereira, C.Ss.R.
Missionário Redentorista, Reitor da Basílica de Trindade e Mestre em Teologia Moral pela Universidade do Vaticano.

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