Uma turba de extremistas muçulmanos saqueou e
incendiou a casa de um jovem acusado de ter enviado uma mensagem de texto de
blasfemia contra o Islã no distrito de Gulshan-i-Iqbal, zona burguesa de
Karachi, metrópole do Sul do Paquistão.
Conforme informou à agência vaticana Fides a ONG
local World Vision in Progress, o moço de 15 anos, Ryan Brian Patus, e sua
família foram resgatados pela organização. Puderam escapar da turba dado que no
momento do ataque, o jovem estava no hospital para atender a seu pai,
gravemente doente, e sua família, por temor a represálias tinha preferido sair
de casa.
O policial que interveio disse que o moço está sendo
acusado de enviar uma mensagem de texto de blasfemia que circulou entre os
vizinhos do bairro, provocando esta reação. Ryan afirma que recebeu e
transmitiu a mensagem a seus amigos sem lê-la cuidadosamente.
Duas pessoas o acusam oficialmente e também o Imã
Qari Ghulam Qadir, da mesquita Jamia, que apresentou uma denúncia formal por
infração do artigo 295c do Código Penal que se refere aos insultos ao Profeta
Maomé.
O bispo anglicano de Karachi, Ijaz Inayat, da
"Church of Pakistan" (Igreja do Paquistão), diz que está
"horrorizado pela história e profundamente preocupado pela segurança da
família".
Em uma mensagem enviada à Agência Fides, da ONG
paquistanesa Human Rights Commission of Pakistan, informa-se que em 2012 no
Paquistão se registraram 22 casos oficiais de blasfêmia, todos polêmicos, entre
eles o de Rimsha Masih, a menina cristã acusada falsamente pelo Imã Khalid
Jadoon Chisti.
Ontem o líder religioso Chisti, acusado de queimar
páginas do Corão para incriminar a Rimsha, foi posto em liberdade sob fiança de
200 mil rupias (2000 dólares) por um tribunal de primeira instância em
Islamabad.
Segundo seu advogado, já que todas as testemunhas
que declararam contra ele se retrataram, o Imã deve ser absolvido por falta de
provas.
Os advogados de Rimsha Masih, atualmente em
liberdade sob fiança, assinalam que as declarações das testemunhas foram
formalizadas pelo tribunal conforme o art. 164 do Código Penal (que inclui três
confirmações) e são consideradas indiscutíveis: neste caso a retração é
inaceitável.
A audiência para o caso de Rimsha e sua possível
absolvição completa é esperada para o dia 17 de outubro.
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